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Anelore Schumann

Os Tempos da Metáfora - Après Coup


A Escola de Poesia promove nos meses de julho e agosto a exposição Os Tempos da Metáfora com obras de artistas do Coletivo Arte Livre. O Coletivo foi criado a partir da circulação do Jornal de Artes por diversos espaços da cidade, inclusive alguns ateliês, bem como do diálogo entre o seu editor, Clauveci Muruci, com pintores, fotógrafos e outros artistas de diferentes ofícios e linguagens. De uma maneira e de outra, foi se tecendo um fio vermelho que vincula artistas, falas e desejos num projeto de exposições itinerantes, cuja a primeira expressão se realizou no Restaurante Espontâneo em fevereiro do presente ano. As obras do Coletivo de Artes são singulares, dizem algo em particular para cada um de nós, para quem quiser fruir, se deixar tocar, se deixar levar para um outro tempo. Tocou-me cada uma das pinturas, fotografias, colagens e gravuras; cada uma, de modo distinto, levou-me a escrever poesia. A obra de Vinicius Vieira (inspirado em burkhart), um poema recortado – de um fundo negro se sobressaem letras vasadas como se alguém me perguntasse: por que me fugiste, lua desnuda? A pintura de Raquel Trein (“Deserto”), paisagem surreal de figuras insólitas, zepelling que se passeia vagarosamente. Um outro cosmos onde bailam sombras singelas na tela (“Eu interior”) de Rejane Klein. Já numa pintura de Gustavo Burkhart (“Evolução L.O.L”), o futuro é misturado ao ancestral – num capacete de astronauta ainda mora o totem. Tal mistura de tempos e de lugares me fez pensar que as artes visuais têm o dom de nos conduzir a mundos simultâneos, de diversidade espaço-temporal. Ao contemplar a obra de arte, ingressamos em tempo incomum, tempo no qual o inusitado se revela, nos surpreende, nos emociona. Alegramo-nos quando nos damos conta de que somos capazes de descobrir nova dobra em nós mesmos, que jamais suspeitávamos. A pintura de Emanuela Quadros (sem título), remete ao mistério do feminino, o sorriso da gioconda atravessa os séculos. Artistas ou expectadores desses mundos criados pela arte somos multifacetados permeáveis ao dentro/fora, ativa e continuamente nos transformamos no ato de criação e de fruição. Como nos diz Murilo Mendes no Poema Dialético: “Todas as coisas ainda se encontram em esboço Tudo vive em transformação.” Quando nos deixamos levar pelas obras, por essa viagemvertigem, abrem-se os tempos da metáfora e o mistério se revela sem que deixe de ser mistério. No poema Sobre a maneira de construir obras duradouras, Bertolt Brecht nos pergunta: quanto tempo duram as obras? Tanto quanto ainda não estão completadas. Pois enquanto exigem trabalho não entram em decadência. Assim, convidamos todos aqueles que têm sede de arte, nas suas mais diferentes manifestações, a fazerem parte da exposição Os tempos da metáfora e a produzirem novos dizeres, quem sabe novos poemas. Anelore Schumann Curadora Paricipam dessa mostra os artistas: Ana Izabel Dutra Bretanha Angélica Magrini Rigo Clauveci Muruci Dominik Picnic Emanuele Bizzoto Emanuele Quadros Gustavo Burkhart Helena Shoeder José Augusto Pereira Judith Plentz Manoel Santos Og Wetzel Moreira Filho Pedro Santos Raquel Hirtz Trein Rejane Hirtz Trein Roberta Agostini Rodrigo Tedesco Ubirajara Sanches Vinicius Vieira Fotografias de Cristina Corrêa Rosa.


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